quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Conversas noturnas...

-Jandira...ando me sentindo só e este silêncio não ajuda... fala alguma coisa!


Do que adianta Marina? tu não me escuta...


-alguma coisa escuto sim...


e gesticulando Jandira me "diz" já no desespero...


to com a boca seca.


sábado, 31 de agosto de 2013

E a sessão nostalgia continua...

Hoje quem abre o baú sou eu. Eu retiro de lá minhas palavras e meus porquês ... meu fazer...minha poesia. Um tempo atrás tive a chance de explicar meu fazer artístico que na verdade se mistura com o que eu realmente aqui faço... e assim nomeei o ensaio  " Arte , Poesia e Vida ".


Ideias
A tarde acaba de adormecer
E uma noite está por vir
Deixo de lado meus utensílios... Supérfluos
E me concentro apenas nelas,
Elas que acabam de surgir, semeando a noite que está por nascer
São minhas idéias que assim como a escuridão tomam conta do céu
Elas tomam a mim
São muitas que se atropelam,
Pisam uma nas outras, brigam por um lugar...
...em papéis que junto a elas surgiram

Marina Brum

                São desses momentos e dessas idéias que meu trabalho artístico surgiu...                    
                O meu fazer artístico e minha produção atual gira em torno de trabalhar a linguagem poética de forma a trazer e ressignificar momentos e lembranças. A poesia está presente em minhas gravuras, desenhos e em tudo que faço.  Costumo dizer, que quando não der pra tirar poesia daquilo que vivo, do meu dia, é por que algo está “pegando”.
                No entanto ao trabalhar a poesia ,isso se dá de forma fragmentada ocultando de certa maneira alguns detalhes deste todo. Aproximo assim da linguagem atual e da realidade em que vivemos hoje, onde temos na maior parte do tempo contato com informações visuais ou não, fragmentadas e repentinas.
                Porém sempre tento devolver a esse mundo um pouco da poesia que podemos retirar de cada dia, sem que sejamos engolidos o tempo todo por um acumulo de momentos passageiros, que nada restam em nossa memória depois. Gosto de salientar que o fragmento é sim parte de um todo e sendo assim ele é por si só sua essência.
                Portanto meus trabalhos procuram muitas vezes refletir a ideia de momento, refletir sobre os meus, os seus e os nossos. De que formas o vêem, de que forma isso nos toca e como nós guardamos pra momentos posteriores.
                 É inevitável falar de fragmentos e não falar dos tantos eu que existem em nós, fragmentos nossos que nos tornam mais de um pra nós mesmos, e contribuem pra nosso crescimento pessoal.
                É nesse momento que acredito que Fernando Pessoa e seus “eus” tenham influenciado meu trabalho, uma vez que ao falar sobre esses “eus” que existem dentro de nós Fernando coloca: “ antes de sermos interior somos exterior / por isso somos exterior essencialmente”[i], e  pra mim isso se dá , essa construção dos vários “eus “ que em nós existem , através dos momentos que vivemos , e do que deles tiramos para nós.
                O conteúdo de minhas fragmentações como coloquei anteriormente registram momentos, na maioria das vezes pessoais, em outros, momentos rotineiros da vida comum a todos. Estes resgatam em minha memória sua impressão, e me remetem novamente aquele instante.
                Pretende também mesmo que de forma fragmentada tocar o observador e sugerir uma reflexão a cerca de assuntos diversos. O fragmento, a palavra em si, proporciona essa abertura e nos indaga a pensar.
                “O fragmento é feito para ser decodificado em sua literalidade, ele esta aí , é tudo, como um objeto e não em termos de formulação subjetiva ele é que como qualquer objeto, indecifrável, permanece inesgotável para o pensamento...”[ii]
                 A palavra como eu disse antes, também nos proporciona essa abertura a reflexão, um bom exemplo disso é o trabalho do artista cearense Leonilson.  Ao trazer a palavra para seus trabalhos, seja escrita ou bordada, ele nos mostrou todo um universo, que apesar de ser primeiramente pessoal, onde coloca seus desejos e suas angustias trabalha também o eu e  nos toca de maneira a pensar os nossos desejos.
                 O que me encanta no trabalho de Leonilson é maneira simples e íntima com que ele trabalha a palavra, despreocupado com regras gramaticais, que ao lermos é como se escutássemos a poesia em nossos ouvidos. Quando escrevo meus momentos, escrevo assim, como se eu repetisse ao pé do ouvido pra mim mesmo aquele instante que quero eternizar.
                Enquanto muitos passam nessa vida somando momentos , porém pouco dele  guardam , eu procuro tirar a essência e a poesia de todos esses momentos, isso me satisfaz e me proporciona outros tantos momentos não melhores ou piores do que os primeiros mas únicos.  Se através do meu trabalho artístico eu conseguir proporcionar um momento único desses a quem o contempla, já me sinto realizada.




[i] PESSOA, Fernando. O Eu Profundo e os Outros Eus  (Seleção Poetica). Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2005,p.182


[ii] SCHLEGEL, Friedrich. O Dialeto dos Fragmentos. São Paulo: Iluminuras, 1997, p.82


Marina Brum, 2007.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Saudade de um tempo...

Jandira está nostálgica hoje...pediu me para abrir o baú...relembramos muitas coisas aqui... voltamos a pensamentos antigos meus que joguei em papéis por aí, eu era uma menina ainda , mas já sonhava bastante... a pedido dela , escrito em 2001, seu preferido:

Descobrindo o amor...

Lá estava eu sentada e pensativa a olhar o horizonte.
Debruçada sobre meus joelhos, eu olhava fixo o pôr do sol.
O barulho das ondas batendo me dava uma sensação de liberdade e pureza. Pureza? O que seria uma sensação de pureza? Sei lá, talvez ali estivesse a resposta para esta e muitas outras perguntas...
Eu pensava em como era ridículo e perda de tempo procurar um amor. Amor não se procura se encontra.
A noite cai e eu permaneço ali sentada, sozinha, pensando...
No que pensava? Nem sei, se é que pensava em algo ou em alguém...
Descalço meus sapatos e  me ponho a caminhar na beira da praia. Os grãos de areia se misturavam entre meus pés. Estes chutavam alegremente a areia, como se procurasse algo debaixo dela.
Quem sabe a felicidade, o amor, a diversão não estariam escondidos por ali.
Acho que devo ter encontrado realmente um destes sentimentos por ali. Porque inexplicavelmente um sorriso abre em meu rosto e eu começo a saltitar pela praia fora. Canto, grito, choro, sorrio...e de repente caio como uma pluma sobre a areia numa gargalhada constante.
Deitada na areia, olho para o céu. Algumas estrelas o estampam, são poucas mas não perdem seu brilho.
Então penso, a estrela é algo solitário mas ao mesmo tempo não para de brilhar..... isso não é maravilhoso?! Independente de quem lhe admira, de quem lhe faz companhia ,a estrela nunca para de brilhar. Porque que com as pessoas não é assim?
Eu queria ser uma estrela, ou melhor possuir o brilho de uma estrela!
Quem sabe naquele momento solitário em que me encontrava eu não estava brilhando? Será que alguma estrela percebeu o meu suposto brilho como eu percebi o delas?
Mais um sorriso decora meu rosto. E em seguida fecho os olhos. Meu pensamento voa longe de carona com uma estrela cadente dessas que cruza o céu, e eu sonho com o amor desconhecido, nunca procurado e até agora nunca encontrado.
O vento bate em meus cabelos, que empolgadamente dançam na brisa. Sinto o gosto de água salgada na boca sem mesmo não ter tomado banho de mar. Banho de mar? Será? Talvez mais tarde, quem saiba...
Sinto algo tocar minha face, mas prefiro ficar de olhos fechados, o prazer da descoberta é maravilhoso. O que será?
Outros lábios roscam os meus, os lábios estão quentes que acabam por esquentar os meus também. Impulsivamente e inconsequentemente abro os olhos para sentir enfim o prazer da descoberta.
Não tenho dúvida é ele mesmo, muito bem nítido ali está ele, o amor.
Mas de repente um barulho impertinente invade meus ouvidos...o despertador toca.
Abro os olhos e estou deitada em minha cama ,o sol nasce na janela, mais um dia está para começar...o som do despertador já se tornou suave e em meu rosto brota-se mais um sorriso.
O verdadeiro amor só é encontrado em você mesmo, na hora no momento em que você menos imagina.
E quando é em encontrado você sente uma sensação de liberdade e pureza. Pureza? De novo ? Então para por aí... mas continuo rindo.
Estou feliz! Sou feliz!

Marina Brum



 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Dias de frio





Jandira não  gosta de sol,gosta de sombra e até  mesmo frio...vento não. Mas dias frios e chuvosos a encantam. Eu já é o contrário, mesmo não gostando de passar calor ( vamos combinar que ninguém gosta ), prefiro o sol, as tardes ensolaradas de outono e os fins de tarde de verão.
Neste meu tempo na ilha nunca vi invernos tão rigorosos por aqui. Em meu tempo é a primeira vez inclusive que pude contemplar  a neve em em meus horizontes litorâneos, nem imaginava que isso fosse possível...enfim um presente que o friozinho nos deu, dias atrás. Mas o frio continua e aproveito pra pensar aqui o porque Jandira gosta tanto deles e o que vejo por ai que fazem dos dias chuvosos e frios tão acolhedores e mágicos pra mim .
Quando a gente pensa em frio logo pensa em ficar em casa, logo pensa em comida, em bebida quente , e tem um quê de coisa boa em tudo isso. Quando o assunto é comida e frio parece que combina com quase tudo e que esse quase tudo vai chocolate...e se for quente melhor. Pra beber não é segredo para ninguém que não dispenso um bom café . Mas quando o friozinho vem, chega  junto também uma preguicinha uma vontade de ficar junto um sentimento gostoso... e isso pede um bom vinho.  Se o programa for em família eu não dispenso um bom filme e uma boa pipoca e nisto eu e Jandira estamos de pleno acordo.
 Mas também tem bastante coisa boa num dia frio pra quem sai na rua...tirando o trânsito é claro.
Já experimentou ir ao mercado em dia de chuva? Ao banco? Ou resolver aquela burocracia que a tempo está pra resolver? Pois... é quando a mágica do dia chuvoso acontece.  As filas? Cadê elas? Ou não existem, ou estão bem menores do que de costume...
Acho eu, estão todos no trânsito ( risos ). Recomendo neste caso fujir dos horários de pico ou ir a pé. E aí chamo atenção pra outro fato engraçado: dia de sol todo mundo encontra  todo mundo , todo mundo se cumprimenta... e dia de chuva? Já percebeu como é? É um bate bate de guarda chuva, cara-feia pra cá, cara feia pra lá...o carro passa na poça molha um,  o outra xinga a mãe. Mas o que tu escuta mesmo são as buzinas e o preço da capa de chuva... E eu no meu silêncio acho graça...alguém tem que achar...
Certa vez num dia de chuva notei uma propaganda antiga escrita em um banco da praça XV, que em qualquer outro dia não notaria, uma vez que sempre tem alguém sentado por ali... A propaganda dizia o seguinte: “ Padaria Brasil : a única com forno elétrico” e eu ri de novo,  ri sozinha mas tive a certeza ,dias de chuvas também tem seus encantos.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Irmãs "quase" gêmeas

Há 27 anos atrás entre janeiro e junho Jandira passou a habitar a casa de Dalva ...logo depois mais precisamente no dia 11 de junho de 1986 foi a vez de Marina. A Jandira era uma pequena mudinha quando a mãe a escolheu no mercado e a levou pra casa, deu água, sol, amor, atenção e com o tempo descobriu que ela nem gostava tanto de sol... Com a chegada de Marina  em junho, Jandira observou muitas novas movimentações na casa, afinal havia um novo ser que precisava tanto de carinho e atenção quanto ela...Jandira vibrava com a chegada da irmã mas não era compreendida...em seu silêncio de samambaia, olhava do alto a rotina daquele pequeno bebê que chegara...
Os anos se passaram . Muitas coisas aconteceram naquela casa e em outras , muitos foram os passeios que Jandira fez com Marina e sua família, depois só com sua família, sem a Marina...muitas pessoas entraram em casa , saíram, moveis, plantas, histórias, retratos foram tirados...Jandira lá sempre presente do alto de sua contemplação silenciosa.
Marina casou-se , teve uma filha, criou um lar , ficou surda...

Ao fazer 27 anos Jandira e Marina se reencontraram novamente debaixo do mesmo teto... Dalva presenteou a filha com a outra. Faltava uma samambaia no lar de Marina para que ele ficasse completo. Foi então que juntas, as irmãs puderam usar suas habilidades  e sensibilidades de quem olha a vida de uma forma mais silenciosas pra contar aqui neste blog coisas gostosas da vida. Daquelas que elas viveram , ainda vivem e veem por aí.