-Jandira...ando me sentindo só e este silêncio não ajuda... fala alguma coisa!
Do que adianta Marina? tu não me escuta...
-alguma coisa escuto sim...
e gesticulando Jandira me "diz" já no desespero...
to com a boca seca.
Se minha samambaia falasse...
27 anos de convivência... eu surda, ela muda.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
sábado, 31 de agosto de 2013
E a sessão nostalgia continua...
Hoje quem abre o baú sou eu. Eu retiro de lá minhas palavras e meus porquês ... meu fazer...minha poesia. Um tempo atrás tive a chance de explicar meu fazer artístico que na verdade se mistura com o que eu realmente aqui faço... e assim nomeei o ensaio " Arte , Poesia e Vida ".
Ideias
A tarde acaba de
adormecer
E uma noite está por
vir
Deixo de lado meus utensílios...
Supérfluos
E me concentro apenas
nelas,
Elas que acabam de
surgir, semeando a noite que está por nascer
São minhas idéias que
assim como a escuridão tomam conta do céu
Elas tomam a mim
São muitas que se
atropelam,
Pisam uma nas outras,
brigam por um lugar...
...em papéis que
junto a elas surgiram
Marina Brum
São desses momentos e dessas
idéias que meu trabalho artístico surgiu...
O meu fazer artístico e
minha produção atual gira em torno de trabalhar a linguagem poética de forma a
trazer e ressignificar momentos e lembranças. A poesia está presente em minhas
gravuras, desenhos e em tudo que faço.
Costumo dizer, que quando não der pra tirar poesia daquilo que vivo, do
meu dia, é por que algo está “pegando”.
No entanto ao
trabalhar a poesia ,isso se dá de forma fragmentada ocultando de certa maneira
alguns detalhes deste todo. Aproximo assim da linguagem atual e da realidade em
que vivemos hoje, onde temos na maior parte do tempo contato com informações
visuais ou não, fragmentadas e repentinas.
Porém sempre tento
devolver a esse mundo um pouco da poesia que podemos retirar de cada dia, sem
que sejamos engolidos o tempo todo por um acumulo de momentos passageiros, que
nada restam em nossa memória depois. Gosto de salientar que o fragmento é sim
parte de um todo e sendo assim ele é por si só sua essência.
Portanto meus
trabalhos procuram muitas vezes refletir a ideia de momento, refletir sobre os
meus, os seus e os nossos. De que formas o vêem, de que forma isso nos toca e
como nós guardamos pra momentos posteriores.
É inevitável falar de fragmentos e não falar
dos tantos eu que existem em nós, fragmentos nossos que nos tornam mais de um
pra nós mesmos, e contribuem pra nosso crescimento pessoal.
É nesse momento que
acredito que Fernando Pessoa e seus “eus” tenham influenciado meu trabalho, uma
vez que ao falar sobre esses “eus” que existem dentro de nós Fernando coloca: “
antes de sermos interior somos exterior / por isso somos exterior
essencialmente”[i],
e pra mim isso se dá , essa construção
dos vários “eus “ que em nós existem , através dos momentos que vivemos , e do
que deles tiramos para nós.
O conteúdo de minhas
fragmentações como coloquei anteriormente registram momentos, na maioria das
vezes pessoais, em outros, momentos rotineiros da vida comum a todos. Estes
resgatam em minha memória sua impressão, e me remetem novamente aquele
instante.
Pretende também
mesmo que de forma fragmentada tocar o observador e sugerir uma reflexão a
cerca de assuntos diversos. O fragmento, a palavra em si, proporciona essa
abertura e nos indaga a pensar.
“O fragmento é feito
para ser decodificado em sua literalidade, ele esta aí , é tudo, como um objeto
e não em termos de formulação subjetiva ele é que como qualquer objeto,
indecifrável, permanece inesgotável para o pensamento...”[ii]
A palavra como eu disse antes, também nos
proporciona essa abertura a reflexão, um bom exemplo disso é o trabalho do
artista cearense Leonilson. Ao trazer a
palavra para seus trabalhos, seja escrita ou bordada, ele nos mostrou todo um universo,
que apesar de ser primeiramente pessoal, onde coloca seus desejos e suas
angustias trabalha também o eu e nos
toca de maneira a pensar os nossos desejos.
O que me encanta no trabalho de Leonilson é
maneira simples e íntima com que ele trabalha a palavra, despreocupado com
regras gramaticais, que ao lermos é como se escutássemos a poesia em nossos
ouvidos. Quando escrevo meus momentos, escrevo assim, como se eu repetisse ao
pé do ouvido pra mim mesmo aquele instante que quero eternizar.
Enquanto muitos
passam nessa vida somando momentos , porém pouco dele guardam , eu procuro tirar a essência e a
poesia de todos esses momentos, isso me satisfaz e me proporciona outros tantos
momentos não melhores ou piores do que os primeiros mas únicos. Se através do meu trabalho artístico eu
conseguir proporcionar um momento único desses a quem o contempla, já me sinto
realizada.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Saudade de um tempo...
Jandira está nostálgica hoje...pediu me para abrir o baú...relembramos muitas coisas aqui... voltamos a pensamentos antigos meus que joguei em papéis por aí, eu era uma menina ainda , mas já sonhava bastante... a pedido dela , escrito em 2001, seu preferido:
Descobrindo o amor...
Lá estava eu sentada e pensativa a olhar o horizonte.
Debruçada sobre meus joelhos, eu olhava fixo o pôr do sol.
O barulho das ondas batendo me dava uma sensação de liberdade e
pureza. Pureza? O que seria uma sensação de pureza? Sei lá, talvez ali
estivesse a resposta para esta e muitas outras perguntas...
Eu pensava em como era ridículo e perda de tempo procurar um amor.
Amor não se procura se encontra.
A noite cai e eu permaneço ali sentada, sozinha, pensando...
No que pensava? Nem sei, se é que pensava em algo ou em alguém...
Descalço meus sapatos e me
ponho a caminhar na beira da praia. Os grãos de areia se misturavam entre meus
pés. Estes chutavam alegremente a areia, como se procurasse algo debaixo dela.
Quem sabe a felicidade, o amor, a diversão não estariam escondidos
por ali.
Acho que devo ter encontrado realmente um destes sentimentos por
ali. Porque inexplicavelmente um sorriso abre em meu rosto e eu começo a
saltitar pela praia fora. Canto, grito, choro, sorrio...e de repente caio como
uma pluma sobre a areia numa gargalhada constante.
Deitada na areia, olho para o céu. Algumas estrelas o estampam, são
poucas mas não perdem seu brilho.
Então penso, a estrela é algo solitário mas ao mesmo tempo não para
de brilhar..... isso não é maravilhoso?! Independente de quem lhe admira, de
quem lhe faz companhia ,a estrela nunca para de brilhar. Porque que com as
pessoas não é assim?
Eu queria ser uma estrela, ou melhor possuir o brilho de uma
estrela!
Quem sabe naquele momento solitário em que me encontrava eu não
estava brilhando? Será que alguma estrela percebeu o meu suposto brilho como eu
percebi o delas?
Mais um sorriso decora meu rosto. E em seguida fecho os olhos. Meu
pensamento voa longe de carona com uma estrela cadente dessas que cruza o céu,
e eu sonho com o amor desconhecido, nunca procurado e até agora nunca
encontrado.
O vento bate em meus cabelos, que empolgadamente dançam na brisa.
Sinto o gosto de água salgada na boca sem mesmo não ter tomado banho de mar.
Banho de mar? Será? Talvez mais tarde, quem saiba...
Sinto algo tocar minha face, mas prefiro ficar de olhos fechados, o
prazer da descoberta é maravilhoso. O que será?
Outros lábios roscam os meus, os lábios estão quentes que acabam
por esquentar os meus também. Impulsivamente e inconsequentemente abro os olhos
para sentir enfim o prazer da descoberta.
Não tenho dúvida é ele mesmo, muito bem nítido ali está ele, o
amor.
Mas de repente um barulho impertinente invade meus ouvidos...o
despertador toca.
Abro os olhos e estou deitada em minha cama ,o sol nasce na janela,
mais um dia está para começar...o som do despertador já se tornou suave e em
meu rosto brota-se mais um sorriso.
O verdadeiro amor só é encontrado em você mesmo, na hora no momento
em que você menos imagina.
E quando é em encontrado você sente uma sensação de liberdade e
pureza. Pureza? De novo ? Então para por aí... mas continuo rindo.
Estou feliz! Sou feliz!
Marina Brum
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Dias de frio
Jandira não gosta de
sol,gosta de sombra e até mesmo frio...vento
não. Mas dias frios e chuvosos a encantam. Eu já é o contrário, mesmo não
gostando de passar calor ( vamos combinar que ninguém gosta ), prefiro o sol,
as tardes ensolaradas de outono e os fins de tarde de verão.
Neste meu tempo na ilha nunca vi invernos tão rigorosos por
aqui. Em meu tempo é a primeira vez inclusive que pude contemplar a neve em em meus horizontes litorâneos, nem
imaginava que isso fosse possível...enfim um presente que o friozinho nos deu,
dias atrás. Mas o frio continua e aproveito pra pensar aqui o porque Jandira
gosta tanto deles e o que vejo por ai que fazem dos dias chuvosos e frios tão
acolhedores e mágicos pra mim .
Quando a gente pensa em frio logo pensa em ficar em casa,
logo pensa em comida, em bebida quente , e tem um quê de coisa boa em tudo
isso. Quando o assunto é comida e frio parece que combina com quase tudo e que
esse quase tudo vai chocolate...e se for quente melhor. Pra beber não é segredo
para ninguém que não dispenso um bom café . Mas quando o friozinho vem, chega junto também uma preguicinha uma vontade de
ficar junto um sentimento gostoso... e isso pede um bom vinho. Se o programa for em família eu não dispenso
um bom filme e uma boa pipoca e nisto eu e Jandira estamos de pleno acordo.
Mas também tem
bastante coisa boa num dia frio pra quem sai na rua...tirando o trânsito é
claro.
Já experimentou ir ao mercado em dia de chuva? Ao banco? Ou
resolver aquela burocracia que a tempo está pra resolver? Pois... é quando a
mágica do dia chuvoso acontece. As
filas? Cadê elas? Ou não existem, ou estão bem menores do que de costume...
Acho eu, estão todos no trânsito ( risos ). Recomendo neste
caso fujir dos horários de pico ou ir a pé. E aí chamo atenção pra outro fato
engraçado: dia de sol todo mundo encontra todo mundo , todo mundo se cumprimenta... e
dia de chuva? Já percebeu como é? É um bate bate de guarda chuva, cara-feia pra
cá, cara feia pra lá...o carro passa na poça molha um, o outra xinga a mãe. Mas o que tu escuta
mesmo são as buzinas e o preço da capa de chuva... E eu no meu silêncio acho
graça...alguém tem que achar...
Certa vez num dia de chuva notei uma propaganda antiga
escrita em um banco da praça XV, que em qualquer outro dia não notaria, uma vez
que sempre tem alguém sentado por ali... A propaganda dizia o seguinte: “
Padaria Brasil : a única com forno elétrico” e eu ri de novo, ri sozinha mas tive a certeza ,dias de chuvas
também tem seus encantos.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Irmãs "quase" gêmeas
Há 27 anos atrás entre janeiro e junho Jandira passou a
habitar a casa de Dalva ...logo depois mais precisamente no dia 11 de junho de
1986 foi a vez de Marina. A Jandira era uma pequena mudinha quando a mãe a
escolheu no mercado e a levou pra casa, deu água, sol, amor, atenção e com o
tempo descobriu que ela nem gostava tanto de sol... Com a chegada de Marina em junho, Jandira observou muitas novas
movimentações na casa, afinal havia um novo ser que precisava tanto de carinho
e atenção quanto ela...Jandira vibrava com a chegada da irmã mas não era
compreendida...em seu silêncio de samambaia, olhava do alto a rotina daquele
pequeno bebê que chegara...
Os anos se passaram . Muitas coisas aconteceram naquela casa
e em outras , muitos foram os passeios que Jandira fez com Marina e sua família,
depois só com sua família, sem a Marina...muitas pessoas entraram em casa ,
saíram, moveis, plantas, histórias, retratos foram tirados...Jandira lá sempre
presente do alto de sua contemplação silenciosa.
Marina casou-se , teve uma filha, criou um lar , ficou
surda...
Ao fazer 27 anos Jandira e Marina se reencontraram novamente
debaixo do mesmo teto... Dalva presenteou a filha com a outra. Faltava uma
samambaia no lar de Marina para que ele ficasse completo. Foi então que juntas,
as irmãs puderam usar suas habilidades e
sensibilidades de quem olha a vida de uma forma mais silenciosas pra contar
aqui neste blog coisas gostosas da vida. Daquelas que elas viveram , ainda
vivem e veem por aí.
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